Brasil

Sexta-feira, 30 de abril de 2021

VOLTAR

1. País registra mais de 401 mil mortes sob risco de terceira onda da pandemia

O Brasil contabilizou mais de 401 mil mortes em decorrência do coronavírus ontem, 14 meses após a descoberta do primeiro caso em território nacional. Desse total, 100 mil pessoas morreram em apenas 36 dias. A quantidade de vítimas fatais em decorrência da Covid-19 e suas variantes é a segunda maior no mundo, superada apenas pelos EUA, com 574 mil. Mas lá a epidemia demonstra desaceleração. Mais de 14,5 milhões de pessoas contraíram a doença. No Parlamento Europeu, debate sobre a pandemia na América Latina virou uma sessão de críticas à má gestão do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia.

A reabertura das atividades econômicas antes que uma queda sustentada de novos casos, internações e mortes pode resultar em uma terceira onda da doença segundo especialistas. “Agora era a hora de segurar mais [as restrições], fazer uma reabertura mais lenta e planejada”, afirma o pesquisador em saúde pública Leonardo Bastos, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). De acordo com ele, o quadro atual “não é mais se vai acontecer uma nova onda, mas quando”. Para o epidemiologista Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP, a redução das restrições se agrava principalmente na próxima semana, devido ao Dia das Mães, com o aumento da procura a lojas e pela possibilidade de mais encontros familiares sem a proteção necessária, como aconteceu no Natal.

Valor Econômico: Brasil supera 400 mil mortes pela Covid-19
Folha de S.Paulo: Em 36 dias, país registrou ¼ das 400 mil mortes
O Estado de S. Paulo: Especialistas apontam risco de terceira onda
Folha de S.Paulo: Parlamento Europeu crítica governo brasileiro
G1: Leia mais notícias sobre a pandemia

2. Sem aval do governo federal, Butantan inicia a produção de nova vacina

O Instituto Butantan, do governo de São Paulo, iniciou nesta semana a produção da primeira vacina no país contra o coronavírus sem a necessidade de importar insumos farmacêuticos. O imunizante é resultado de parceria de licença de uso e exploração de uma parte da tecnologia instituto de pesquisas do Hospital Mount Sinai, de Nova York (EUA). Poderão ser disponibilizadas 18 milhões de doses até junho. A vacina Butanvac, no entanto, ainda não tem a aprovação do governo federal, pois o Butantan não enviou todos os documentos exigidos para testes em seres humanos. Por enquanto, o medicamento foi testado apenas em animais e no laboratório.

Estudo realizado por pesquisadores brasileiros e ingleses, divulgado nesta semana, aponta que sem o atraso na compra e no processo de imunização a vacina poderia salvar 200 mil vidas neste ano. O epidemiologista Eduardo Massad, da Fundação Getulio Vargas, participou da pesquisa e diz que o Brasil tem potencial para vacinar 2 milhões de pessoas por dia. “Temos 37 mil postos de vacinação no país, é uma rede muito boa, além da tradição em vacinar muita gente”. Mais de 31,2 milhões de pessoas receberam a primeira dose das vacinas Coronavac e AstraZeneca, o que corresponde a 19,4% da população, e 15,1 milhões (9,4%) tomaram a segunda aplicação.

O Estado de S. Paulo: Governo de SP inicia produção própria de vacina
CNN Brasil: Vacinação mais ágil pouparia 200 mil vidas, diz estudo
Folha de S.Paulo: Veja como está a vacinação no país
O Globo: Acompanhe o cronograma de entrega de vacinas

3. CPI da Covid convoca três ex-ministros e o atual titular da Saúde para depor

Senadores que integram a CPI da Covid, Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a gestão do presidente Jair Bolsonaro e dos estados e municípios no combate à pandemia de coronavírus, aprovou a convocação de três ex-ministros da Saúde, entre eles o general Eduardo Pazuello, além do atual titular, Marcelo Queiroga, para prestarem depoimentos a partir da próxima terça-feira. As primeiras convocações aprovadas colocam o governo federal no foco inicial das investigações e representam uma derrota para Bolsonaro. Governistas criticaram o grupo por não ter aprovado um plano de trabalho antes de convocar autoridades. O presidente tentou demonstrar tranquilidade ontem. “A gente continua trabalhando a todo o vapor. Nós não estamos preocupados com essa CPI”, afirmou.

Parlamentares aliados do governo chegaram a ingressar com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para tirar Renan Calheiros da relatoria da CPI, mas o Supremo negou o pedido sob o argumento de que o tema é de responsabilidade exclusiva do Congresso. Entre os mais de 200 requerimentos, a CPI quer informações sobre passeios de Bolsonaro, sem máscara, negociações frustradas do governo para a compra de vacinas da Pfizer no ano passado, além de documentos sobre falta de oxigênio hospitalar no Amazonas, produção, compra e recomendação de uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 e dados do pagamento de benefício emergencial para pessoas de baixa renda, entre outros.

Folha de S.Paulo: CPI aprova convocação de ex-ministros da Saúde
O Estado de S. Paulo: ‘Não estamos preocupados’, diz presidente
Valor Econômico: STF nega pedido para tirar Renan da CPI
O Estado de S. Paulo: Convocação é derrota para o governo

4. Estado ‘quebrou’ e não atenderá a demanda na saúde pública, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o estado “quebrou” e que, devido à falta de dinheiro, o setor de saúde de pública não terá capacidade de atender à demanda crescente por atendimento médico gratuito. As afirmações foram feitas durante reunião com o Conselho de Saúde Complementar e a divulgação da gravação não havia sido autorizada. No encontro, ele aventou a possibilidade de o governo federal criar vouchers para que a população seja atendida em hospitais privados. “Você é pobre, você tá doente, tá aqui seu ‘voucher’. Vai aonde você quiser [na rede privada]. Se quiser, você vai no SUS”, disse.

Para o ministro, a pandemia não foi a causadora da falta de capacidade do atendimento no setor público, mas sim o avanço da medicina e o direito à vida. “Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130 [anos]”, afirmou. Por isso, de acordo com ele, “não há capacidade de investimento para que o estado consiga acompanhar” a demanda. Guedes também defendeu a maior eficiência do setor privado de saúde do que o público, mas acabou criando novo mal-estar diplomático com a China ao querer exemplificar seu raciocínio. “O chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano. O americano tem cem anos de investimento em pesquisa”, disse.

G1: Para Guedes, estado ‘quebrou” e não conseguirá atender a todos na saúde
Folha de S.Paulo: ‘Chinês inventou o vírus e tem vacina menos eficiente’, diz Guedes

5. Bolsonaro reativa acordos de redução de jornada e suspensão de contratos

O presidente Jair Bolsonaro reativou a adoção de programas de manutenção de emprego editados no ano passado para combater os efeitos da pandemia de Covid-19. As medidas incluem a autorização dos acordos de redução de jornada e salário e a suspensão temporária de contratos de trabalho. O governo prevê o pagamento de ajuda temporária de até quatro meses no período de perda de renda do trabalhador. O custo desse programa é de R$ 9,8 bilhões e o benefício emergencial será baseado no valor do seguro-desemprego, que pode chegar a R$ 1.911,84.

Outra medida provisória permite que as empresas adiem o recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos empregados por até quatro meses. Também estão liberadas a antecipação de feriados e a flexibilização das regras para adoção do regime de trabalho remoto. O governo afirma que o objetivo é “preservar o emprego e a renda, garantir a continuidade das atividades empresariais, a manutenção da renda do trabalhador e reduzir o impacto social diante da paralisação de atividades em todo o país”.

O Globo: Bolsonaro renova programas de manutenção de emprego
Folha de S.Paulo: Benefício emergencial para empregados custará R$ 9,8 bilhões