Brasil
14 de Novembro de 2024
1. Governo federal discute medidas para cortar gastos
O governo federal segue discutindo um pacote de medidas para cortar gastos públicos, fundamental para manter o arcabouço fiscal operante e para conter a alta da dívida pública. Após três semanas de negociações, ainda não há detalhes sobre as propostas, gerando tensão no mercado financeiro, com alta do dólar, queda na Bolsa de Valores e aumento dos juros futuros.
A agenda de cortes, embora considerada urgente por economistas, enfrenta críticas de setores contrários à austeridade fiscal, que temem prejuízos às políticas sociais. Manifestos assinados por acadêmicos e parlamentares defendem a revisão ou revogação do arcabouço fiscal, argumentando que a preservação de direitos sociais deve ser prioridade. Ao mesmo tempo, a ausência de medidas concretas amplia o chamado “risco fiscal”, pressionando os juros e dificultando o equilíbrio das contas públicas. O governo se vê desafiado a encontrar um meio-termo entre o ajuste fiscal e a manutenção de políticas que atendam às demandas sociais.
G1: Corte de gastos: governo segue discutindo pacote nesta semana, em meio a pressão interna
2. IPCA chega a 0,56% em outubro
O IPCA, indicador oficial da inflação no Brasil, registrou alta de 0,56% em outubro, superando a expectativa do mercado de 0,53%. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 4,76%, acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3% com margem de 1,5 ponto percentual. O aumento foi impulsionado principalmente pelos setores de Habitação (1,49%) e Alimentação e Bebidas (1,06%), com destaque para a energia elétrica residencial, que subiu 4,74% devido à bandeira tarifária vermelha. Os preços das carnes também tiveram forte elevação, acumulando alta de 5,81% no mês, reflexo de menor oferta e maior volume de exportações. Por outro lado, o setor de Transportes apresentou queda de 0,38%, influenciado pela redução no custo das passagens aéreas.
Com o aumento da inflação e a desancoragem das expectativas do mercado, o Banco Central elevou a taxa Selic para 11,25% ao ano, sinalizando preocupação com o cenário inflacionário para 2024. Apesar de uma possível moderação nos custos de energia em novembro, outros fatores como o aumento da inflação de serviços e a alta difusão das variações de preços — que passou de 56% em setembro para 62% em outubro — mantêm a pressão inflacionária. O cenário reforça o desafio de equilibrar o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico e da renda das famílias.
CNN Brasil: IPCA acelera a 0,56% em outubro puxado por conta de luz, diz IBGE
3. Rio de Janeiro recebe o G20 para o desenvolvimento de soluções globais mais justas e sustentáveis
O G20, fórum internacional que reúne as maiores economias do mundo, realizará sua cúpula de 2024 neste mês no Rio de Janeiro. Criado em resposta à crise financeira de 2008, o grupo busca promover cooperação global em questões econômicas, financeiras e sociais. Seus membros incluem 19 países industrializados e a União Europeia, além da recém-incorporada União Africana. Durante a presidência rotativa do Brasil, foram convidados países como Angola, Egito, Espanha e Noruega, ampliando o diálogo internacional sobre temas como mudanças climáticas, combate à corrupção, desenvolvimento sustentável e estabilidade econômica global.
Sob o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, a presidência brasileira prioriza questões como combate à fome, pobreza e desigualdade, além da reforma da governança global. A estrutura do G20 é organizada em duas trilhas principais: a dos Sherpas, que lideram os preparativos e negociações políticas, e a de Finanças, focada em temas macroeconômicos. O Brasil trabalha em parceria com Índia e África do Sul na troika de lideranças do G20, coordenando mais de 30 reuniões e atividades que incentivam a participação da sociedade civil no processo de formulação de políticas do grupo.
Agência Brasil: Rio terá semana movimentada com eventos ligados ao G20
CNN Brasil: Brasil organiza reunião com maiores economias do mundo em 2024
Correio Braziliense: Lula recebe representantes do G20 Social no Planalto
4. Brasil tem nova meta climática
O Brasil apresentará uma nova meta climática durante a COP29, no Azerbaijão. A meta, denominada Contribuição Nacionalmente Determinada, compromete o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 59% a 67% até 2035, o que representa até 1 bilhão de toneladas de gás carbônico a menos na atmosfera. Alinhada ao Acordo de Paris, de 2015, a proposta visa limitar o aquecimento global a 1,5ºC e avançar na neutralidade climática até 2050. O vice-presidente Geraldo Alckmin liderará a delegação brasileira e entregará o novo plano, que abrange todos os setores econômicos e utiliza ferramentas como o Fundo Clima e Títulos Soberanos Sustentáveis para financiar a transição.
Apesar do compromisso, a meta gerou críticas de organizações como o Greenpeace Brasil, que a considera insuficiente para enfrentar a crise climática global. Segundo a ONG, a redução global necessária para cumprir os objetivos do Acordo de Paris deveria ser de pelo menos 60% das emissões em relação aos níveis de 2019. Ainda assim, a apresentação brasileira na COP29 marca um passo importante na agenda climática e precede a próxima cúpula, a COP30, programada para ocorrer em Belém, no Pará, em 2025.
Agência Brasil: Brasil vai anunciar nova meta climática na COP29
5. Vendas do comércio ficam abaixo das expectativas
As vendas do comércio brasileiro cresceram 0,5% em setembro, após uma queda de 0,2% no mês anterior, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE. Apesar do desempenho positivo, o resultado ficou abaixo das expectativas de analistas, que projetavam uma alta de 1,4%. O segmento de “outros artigos de uso pessoal e doméstico” foi o principal responsável pelo crescimento, com alta de 3,5%. No acumulado do ano, o comércio registra um avanço de 4,8%, e, nos últimos 12 meses, o crescimento foi de 3,9%. O varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, apresentou desempenho superior, com alta de 1,8% em setembro.
Economistas destacam que, embora os setores de móveis e eletrodomésticos tenham puxado os números para baixo, o varejo encerrou o terceiro trimestre com crescimento sólido de 1%. Esse avanço reflete a resiliência do comércio, sustentado pela alta renda disponível das famílias e concessões de crédito, apesar das condições monetárias apertadas e do dólar elevado. As vendas concentraram-se em itens prioritários, como alimentos e medicamentos, enquanto setores como móveis e vestuário registraram quedas. A expectativa é que o setor feche o ano com um crescimento de 4,6%, contribuindo para a expansão do PIB.
O Globo: Vendas do comércio crescem menos que o esperado em setembro, aponta IBGE