Brasil
17 de abril de 2025

1. Inflação de março desacelera, mas preço dos alimentos pressiona governo
A inflação oficial ficou em 0,56% em março, abaixo dos 0,83% registrados em fevereiro. Apesar da desaceleração, o índice acumulado em 12 meses avançou para 5,48%, superando o centro da meta do Banco Central e reforçando o cenário de pressão persistente sobre preços.
O principal vetor da alta foi o grupo de alimentação e bebidas, que subiu 1,17% no mês. Produtos essenciais como tomate, ovos e café tiveram aumentos significativos, afetando especialmente as famílias de menor renda.
A inflação de alimentos mantém impacto direto sobre o consumo das classes populares e pode limitar o espaço para alívio fiscal no curto prazo.
Para o governo, o dado reforça o desafio de equilibrar política monetária, controle de preços e manutenção do discurso social.
No setor produtivo, a combinação de juros elevados e custo de vida pressionado continua travando decisões de investimento e consumo. O resultado é um ambiente de cautela em ano decisivo para o Orçamento e para a consolidação das pautas econômicas no Congresso.
IBGE: Inflação fica em 0,56% em março, pressionada por alimentos
2. Governo propõe abertura total do mercado livre de energia até 2028
O governo federal anunciou que deve apresentar proposta de reforma do setor elétrico prevendo a abertura total do mercado livre de energia até 2028. Atualmente, apenas grandes consumidores, como indústrias e shopping centers, têm acesso a essa modalidade, que permite escolher o fornecedor de energia. Com a mudança, todos os consumidores, incluindo residenciais, poderão optar pelo mercado livre, promovendo maior concorrência e potencial redução de custos.
A proposta, que será enviada ao Congresso Nacional, também busca revisar subsídios e ampliar o acesso ao mercado livre, visando modernizar o setor elétrico brasileiro.
No entanto, a transição requer atenção à regulação e à infraestrutura, para garantir que todos os consumidores se beneficiem das mudanças. A expectativa é que a proposta seja debatida no Legislativo nos próximos meses, com a possibilidade de implementação gradual até 2028.
Valor Econômico: Reforma do setor elétrico prevê abertura completa do mercado livre de energia até 2028
3. Câmbio favorece exportações, mas custos e preços limitam ganhos
A rentabilidade média das exportações brasileiras cresceu 5% no primeiro bimestre de 2025, puxada pela desvalorização de quase 20% do real frente ao dólar. O movimento favoreceu a competitividade de produtos nacionais no mercado externo, especialmente nos setores de metalurgia, transporte e celulose.
Apesar do câmbio favorável, os ganhos foram parcialmente anulados por dois fatores: queda nos preços internacionais e alta nos custos de produção. Os preços médios de exportação recuaram cerca de 5% no período, enquanto os custos subiram mais de 8%, pressionados por insumos importados e aumentos internos.
A agropecuária teve desempenho estável, enquanto setores como petróleo e minerais não metálicos registraram perdas de rentabilidade.
O cenário revela a crescente complexidade do comércio exterior brasileiro: o câmbio ainda é uma variável importante, mas não suficiente para sustentar margens em um ambiente global volátil.
Para o governo e para exportadores, o dado reforça a necessidade de políticas estruturais de competitividade — como logística, inovação e acesso a mercados — para além das oscilações cambiais.
Valor Econômico: Câmbio ajuda, e rentabilidade de exportações aumenta 5% no 1º bimestre
4. Sancionada lei que autoriza retaliações comerciais a países que adotem barreiras contra o Brasil
O presidente Lula sancionou sem vetos a Lei da Reciprocidade Comercial, que permite ao governo brasileiro adotar medidas contra países que imponham barreiras unilaterais a produtos nacionais. A proposta ganhou força após os Estados Unidos aplicarem tarifas generalizadas sobre exportações brasileiras, com destaque para o aço e o alumínio, que passaram a enfrentar sobretaxa de 25%.
A nova legislação cria respaldo jurídico para que o Executivo reaja a esse tipo de restrição, por meio de contramedidas como suspensão de concessões ou restrições temporárias a importações.
O objetivo é conferir maior equilíbrio às relações comerciais e proteger setores afetados por práticas consideradas discriminatórias. Embora o texto permita respostas duras, o governo reforçou que seguirá priorizando o diálogo com os países envolvidos, especialmente no caso dos Estados Unidos, para evitar escalada de tensões.
Valor Econômico: Sem vetos, Lula sanciona Lei da Reciprocidade Comercial
5. Massa salarial em alta impulsiona consumo, mas inflação de serviços acende alerta
A massa de rendimentos dos trabalhadores brasileiros alcançou um novo recorde no trimestre encerrado em fevereiro, com crescimento de 6,2% na comparação anual. O avanço é explicado pelo aumento da ocupação formal e pela redução da informalidade, que resultaram em maior renda média e mais dinheiro circulando na economia.
Esse movimento tem impulsionado o consumo das famílias, especialmente em serviços como transporte, telecomunicações e lazer. No entanto, o aquecimento da demanda também pressiona a inflação de serviços, que segue acima de 5% no acumulado em 12 meses — um dos focos de atenção do Banco Central no atual ciclo de política monetária.
Para o governo, o dado é positivo do ponto de vista social, mas pode dificultar a convergência da inflação para a meta no ritmo desejado. Já para o mercado, o desafio é calibrar expectativas: crescimento do consumo é bem-vindo, mas precisa vir acompanhado de estabilidade de preços para manter a confiança.
Valor Econômico: Massa salarial traz mais impulso ao consumo, diz IBGE