Brasil
25 de Abril de 2025

1. FMI projeta alta da dívida pública brasileira e recomenda reforço fiscal
O Fundo Monetário Internacional projeta que a dívida bruta do Brasil atingirá 92% do PIB em 2025, chegando a 99,4% em 2029 e se estabilizando nesse nível em 2030. A nova estimativa representa uma piora em relação à projeção anterior, feita em outubro de 2024, que previa 97,6% para o mesmo período. A dívida brasileira segue bem acima da média dos países emergentes, que é de 74,8% ou 58,4% quando se exclui a China. O Fundo também elevou a projeção para o déficit nominal do governo, estimando 8,5% do PIB em 2025, resultado influenciado por juros elevados e crescimento econômico modesto.
As previsões mais negativas foram influenciadas por uma leve revisão para baixo no crescimento da economia brasileira, agora estimado em 2% ao ano para 2025 e 2026. O FMI destaca que o déficit nominal brasileiro está acima da média dos principais emergentes e que a dinâmica do endividamento preocupa, especialmente diante das incertezas globais e da rigidez das despesas públicas. O documento também aponta que o resultado primário continuará deficitário até 2026, com expectativa de superávit apenas a partir de 2027.
O Monitor Fiscal sugere que países como o Brasil adotem medidas mais robustas para fortalecer seus arcabouços fiscais. Entre as recomendações estão a racionalização dos gastos tributários, a ampliação das bases de arrecadação e o aprimoramento das regras fiscais e orçamentárias. O Fundo destaca que o Brasil está entre os países que mais devem contribuir para o aumento da dívida pública global até o fim da década, ao lado de nações como China, Estados Unidos e França.
Valor Econômico: FMI vê dívida bruta do Brasil perto de 100% do PIB em 2029
2. Banco Mundial revisa para baixo crescimento do Brasil e da América Latina
O Banco Mundial reduziu a projeção de crescimento econômico do Brasil em 2025 para 1,8%, abaixo da estimativa anterior de 2,2%. A revisão acompanha um cenário mais cauteloso para a América Latina e o Caribe, cuja previsão foi ajustada de 2,5% para 2,1%, configurando-se como o crescimento mais lento entre as regiões globais. O novo cenário reflete um ambiente internacional de maior incerteza, pressionado por fatores como o atraso na redução das taxas de juros nos países desenvolvidos, o impacto das restrições ao comércio global, a desaceleração econômica da China e cortes em programas de assistência ao desenvolvimento.
Além do Brasil, outros países da região também enfrentam cortes nas estimativas. A previsão de crescimento do México foi reduzida a zero, enquanto a Argentina foi uma das poucas exceções, com elevação da projeção para 5,5% em 2025, impulsionada pelo recente acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em contraste, o FMI também ajustou para baixo suas expectativas para o Brasil, agora projetando um crescimento de 2% para 2025 e 2026. Essas estimativas contrastam com as projeções mais otimistas do governo brasileiro, que espera crescimento de 2,3% em 2025 e 2,5% em 2026.
A região enfrenta ainda desafios estruturais, como a elevada dívida pública, que chegou a 63,3% do Produto Interno Bruto regional em 2024, contra 59,4% em 2019. Especialistas do Banco Mundial destacam a importância de estratégias voltadas para o aumento da produtividade, ampliação dos destinos comerciais e maior inserção no comércio global por meio de investimentos e do fenômeno do near-shoring. A desaceleração da economia brasileira também é atribuída a uma inflação persistente e à manutenção de juros elevados, que afetam o consumo e o acesso ao crédito.
G1: Banco Mundial corta estimativa de crescimento para o Brasil em 2025 e destaca incertezas
InfoMoney: Banco Mundial corta estimativa de crescimento para o Brasil em 2025
3. Brasil investiga fraude bilionária contra aposentados e demite presidente do INSS
Uma grande operação policial no Brasil revelou um esquema de fraudes que teria desviado até R$ 6,3 bilhões (cerca de US$ 1,2 bilhão) do sistema público de aposentadorias, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, associações supostamente voltadas a aposentados cobravam mensalidades indevidas sem consentimento dos beneficiários. Essas cobranças eram feitas diretamente dos pagamentos mensais de aposentadorias e pensões, simulando uma adesão não autorizada a serviços como assistência jurídica ou descontos em academias.
O esquema teria funcionado entre 2019 e 2024, afetando milhares de aposentados em diversos estados brasileiros. Ao todo, 11 entidades foram alvo da operação, com contratos suspensos para evitar novos prejuízos. Uma das instituições investigadas é o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), cujo vice-presidente é irmão do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O sindicato nega qualquer irregularidade.
O caso gerou forte repercussão nacional, tanto pelo volume dos recursos desviados quanto pelo impacto direto em uma população vulnerável. As autoridades brasileiras afirmam que os beneficiários lesados podem buscar ressarcimento e que medidas estão sendo tomadas para evitar que novas fraudes ocorram. A operação representa um marco na fiscalização de benefícios sociais no Brasil, ressaltando a necessidade de reforçar a transparência e os mecanismos de controle sobre as entidades que interagem com o sistema previdenciário.
G1: Entenda o esquema de fraudes no INSS que resultou na demissão do presidente do órgão
Agência Brasil: AGU cria grupo para recuperar dinheiro das vítimas de fraude no INSS
4. R$ 621 bilhões previstos em renúncias fiscais em 2026
O governo federal estima que deixará de arrecadar R$ 620,8 bilhões em 2026 por conta de subsídios e desonerações tributárias, o equivalente a 4,53% do PIB e mais de 22% da arrecadação total prevista. Esses chamados “gastos tributários” são benefícios legais que reduzem a receita da União e, segundo o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), crescem ano após ano. Para cumprir a meta fiscal de superávit de 0,25% do PIB, o Executivo precisa arrecadar R$ 118 bilhões a mais, desafio agravado pela escalada dessas renúncias. O Simples Nacional permanece como o maior responsável, com um impacto estimado de R$ 136,2 bilhões, seguido por benefícios à agroindústria e rendimentos isentos.
Apesar de uma emenda constitucional aprovada no governo Bolsonaro determinar a redução desses gastos para 2% do PIB em até oito anos, pouco foi feito nesse sentido. A atual equipe econômica, sob o governo Lula, afirma buscar a diminuição dos benefícios desde 2023, mas enfrenta forte resistência de lobbies organizados no Congresso. Há expectativa de que a reforma do Imposto de Renda abra espaço para uma reavaliação desses incentivos, especialmente como contrapartida à proposta de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. No entanto, o sucesso dessa revisão depende da construção de um plano concreto e politicamente viável para encerrar isenções que já somam quase o dobro do que eram há uma década.
Valor Econômico: Perda com subsídios e desonerações de tributos vai custar R$ 621 bi em 2026, estima governo
5. Brasil e Chile ampliam parceria estratégica com 13 acordos bilaterais
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric assinaram 13 acordos de cooperação bilateral durante cerimônia no Palácio do Planalto, consolidando avanços em áreas como política exterior, segurança pública, infraestrutura, cultura, agricultura, ciência e tecnologia. Os atos celebram os 189 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Chile.
Entre os principais acordos, destacam-se o combate conjunto ao crime organizado transnacional, a cooperação em assuntos consulares e migratórios, a facilitação de coproduções audiovisuais e o desenvolvimento agrícola sustentável. Também houve avanços no intercâmbio acadêmico e militar, no incentivo a micro e pequenas empresas, no uso da certificação eletrônica para o comércio de produtos de origem animal e na promoção da inteligência artificial com foco nos idiomas latino-americanos. As iniciativas demonstram o compromisso de ambos os países com uma integração mais profunda, pautada pelo desenvolvimento sustentável, inovação e fortalecimento comercial.
Os acordos firmados reforçam os laços entre Brasil e Chile, consolidando uma parceria cada vez mais estratégica e cooperativa no cenário regional.
Poder 360: Lula e Boric assinam 13 acordos de cooperação bilateral
Diário do Comércio: Lula e Boric assinam 13 acordos e ampliam parceria estratégica entre Brasil e Chile