Brasil

31 de Outubro de 2025

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1. Brasil-EUA: avanços diplomáticos em meio a impasse comercial

A reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada na Malásia durante a Cúpula da ASEAN, marcou o início de uma nova rodada de negociações entre Brasil e Estados Unidos. O encontro foi considerado positivo por ambas as partes e resultou na criação de um canal bilateral para discutir o tarifaço de 50% imposto por Washington sobre produtos brasileiros. O governo brasileiro busca a suspensão imediata das tarifas durante o processo de negociação, e Lula destacou o desejo de manter uma relação “extraordinária” com os EUA, baseada no diálogo direto e no respeito mútuo.

Apesar do clima amistoso e dos elogios trocados entre os líderes, analistas indicam que o caminho para um acordo será difícil. Os Estados Unidos têm resistido à suspensão temporária das tarifas, mantendo-as como instrumento de pressão para obter concessões em áreas estratégicas, como minerais críticos e o mercado de etanol. Paralelamente, cresce o interesse internacional pela influência do modelo de pagamentos instantâneos do Brasil, o Pix, que se tornou alvo de uma investigação do governo norte-americano por suposto impacto na competitividade de sistemas financeiros locais, acrescentando uma nova camada de complexidade às relações entre os dois países.

Agência Brasil: Lula se reúne com Trump na Malásia e discute relações entre Brasil-EUA
G1: Tarifaço: delegações de Brasil e Estados Unidos fazem primeira reunião na Malásia após encontro de Trump e Lula
CNN Brasil: Análise: EUA dão sinais de que não irão facilitar negociações

2. Ibovespa atinge recorde em meio à expectativa por corte de juros nos EUA

A Bolsa brasileira encerrou a quarta-feira (29) com alta de 0,82%, aos 148.633 pontos – o 18º recorde do ano e o maior nível da história. O movimento reflete o otimismo dos investidores diante da expectativa de um novo corte de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. O dólar teve alta de 0,42%, cotado a R$ 5,38, nesta quinta-feira (30). Analistas apontam que o ambiente de menor aversão ao risco e a possível redução de 0,25 ponto percentual na taxa americana aumentaram o apetite por ativos de países emergentes.

A perspectiva de juros mais baixos nos EUA tende a favorecer o fluxo de capital para mercados como o brasileiro, impulsionando ações e fortalecendo o real. Além disso, as negociações comerciais entre Estados Unidos e China contribuíram para o clima positivo. Uma eventual trégua entre as duas maiores economias do mundo pode aliviar tensões sobre commodities e exportações globais, beneficiando países exportadores como o Brasil.

G1: Ibovespa supera os 148 mil pontos e renova recorde com corte de juros nos EUA
Valor Econômico: Dólar avança hoje com ajuste em expectativa sobre corte de juros nos EUA

3. Mercado reduz previsão de inflação

O boletim Focus do Banco Central apresentou uma nova queda na projeção da inflação para 2025, de 4,70% para 4,56%, sinalizando uma leve melhora nas expectativas do mercado. Ainda assim, o índice permanece acima do teto da meta oficial de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional. O BC tem mantido a Selic em 15% ao ano para conter a alta de preços, indicando que deve seguir com juros elevados por um período prolongado. Para os próximos anos, as projeções apontam desaceleração gradual da inflação, chegando a 3,54% em 2028.

As perspectivas para o crescimento econômico seguem estáveis e discretas. O PIB deve avançar 2,16% em 2025, impulsionado principalmente pelos setores de serviços e indústria. A partir de 2026, o mercado prevê uma expansão mais lenta, porém contínua, com expectativa de melhora gradual até 2028. O cenário reforça a leitura de que a economia brasileira deve manter ritmo moderado, combinando inflação controlada com crescimento ainda limitado.

Agência Brasil: Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 4,56% em 2025

4. Dívida pública recua em setembro, mas custo de financiamento sobe

A dívida pública federal teve uma leve queda de 0,28% em setembro, somando R$ 8,12 trilhões, segundo o Tesouro Nacional. O resultado foi influenciado por um resgate líquido de R$ 100 bilhões na dívida mobiliária interna, parcialmente compensado pela incorporação de juros no período. O movimento ocorre em meio a um cenário internacional mais favorável ao risco, após a redução de juros nos Estados Unidos e expectativas de cortes adicionais, o que impactou positivamente os juros futuros de longo prazo no Brasil.

Apesar da redução do estoque, o custo médio da dívida aumentou de 11,65% ao ano em agosto para 12,00% em setembro, enquanto o custo das novas emissões subiu para 13,74% ao ano – o maior nível desde 2016. O Tesouro atribui essa pressão à competição com títulos isentos, como debêntures incentivadas, e ao ambiente fiscal ainda incerto. A expectativa é que o custo comece a recuar a partir de 2026, com a consolidação das contas públicas e melhora das condições fiscais.

InfoMoney: Dívida pública federal cai 0,28% em setembro, para R$ 8,12 tri, diz Tesouro

5. COP30 alcança quórum mínimo e garante representatividade global em Belém

A menos de um mês do início da conferência, a COP30 confirmou a presença de 132 países com hospedagem assegurada em Belém, alcançando o número mínimo necessário para validar as decisões. O marco garante representatividade global e fortalece o caráter político do evento, que será realizado entre 10 e 21 de novembro. A presidência da conferência, liderada por André Corrêa do Lago, destacou o foco em adaptação climática e o apoio financeiro obtido junto à iniciativa privada para custear parte da participação de nações mais pobres, assegurando que países vulneráveis tenham voz ativa nas negociações.

Enquanto isso, o cenário de hospedagem na região da capital paraense começa a se estabilizar após meses de incerteza. Com o excesso de oferta e a redução da demanda, os preços de hotéis e imóveis registraram quedas expressivas, chegando a mais de 60%, segundo o setor. O movimento indica uma adequação natural do mercado e deve facilitar o fechamento das últimas acomodações, contribuindo para a logística final do evento.

O Globo: COP30 chega a 132 países com hospedagem confirmada e alcança mínimo necessário de delegações para validar decisões
Folha de S.Paulo: Preços de hotéis e imóveis em Belém despencam na reta final para a COP30