Brasil

July 16, 2021

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1. Testemunha confirma à CPI pedido de propina para vender vacina ao governo

Representante comercial da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, confirmou à CPI da Covid ter tomado conhecimento da negociação com o governo de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, sem aval da indústria farmacêutica, condicionada ao pagamento de propina de US$ 1 por unidade do imunizante. Segundo ele, o “comissionamento” teve intermediação de militares e da ONG evangélica Senah. Carvalho disse que foi procurado e manteve conversas por WhatsApp com o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias.

Para os senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a atuação do governo Jair Bolsonaro na gestão da crise da pandemia de coronavírus, a revelação reforça a tese de que o Ministério da Saúde atendeu atravessadores com ofertas inviáveis por vacinas em vez de comprar imunizantes diretamente de fabricantes, como a Pfizer. O depoimento fez o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), tornar público seu constrangimento. “Quero manifestar meu desconforto com diálogos que foram mantidos entre representantes da Davati com servidores públicos e ex-servidores públicos”, disse.

Folha de S.Paulo: Vendedor confirma pedido de propina
Valor Econômico: Falaram em “comissionamento”
G1:  Vendedor cita oito autoridades
O Estado de S. Paulo: Leia resumo de depoimentos

2. No hospital, internado com obstrução intestinal, presidente critica a CPI

O presidente Jair Bolsonaro, internado em hospital desde quarta-feira após diagnóstico de obstrução intestinal, voltou a afirmar que a CPI da Covid não tem nenhuma prova de corrupção em seu governo. “No caso atual querem nos acusar de corrupção onde nada foi comprado, ou um só real foi pago”, escreveu, complementando que a comissão é composta por “três otários”, em referência aos senadores Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros. “No circo da CPI, Renan, Omar e Saltitante [Randolfe] estão mais para três otários que três patetas”, afirmou.

O presidente cancelou nesta semana encontro que realizaria com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara dos Deputados previsto na agenda do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19. Por vários dias ele estava se queixando de crises de soluços. Na quarta-feira, ele foi hospitalizado em Brasília, mas acabou sendo transferido para São Paulo. Segundo boletim médico do Hospital Vila Nova Star, Bolsonaro está reagindo “satisfatoriamente” ao plano terapêutico, mas ainda não há previsão de alta hospitalar.

Folha de S.Paulo: ‘Não têm provas’, diz Bolsonaro
O Estado de S. Paulo: Presidente está internado em SP

3. Cobertura vacinal depende de mais de 200 milhões de doses, diz pesquisa

O país ainda precisa aplicar mais de 200 milhões de vacinas contra o coronavírus para atingir um patamar de cobertura vacinal completa. A conclusão é de uma pesquisa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em parceria com USP (Universidade de São Paulo). Segundo os pesquisadores, caso a oferta de vacinas e a velocidade de vacinação não aumentem “substancialmente”, a imunização de pelo menos 90% na população acima de 18 anos só será alcançada no ano que vem. Especialistas apontam que é grande o volume de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina, mas não concluíram a imunização com a segunda.

Apesar de ainda não estar em ritmo acelerado de cobertura, a campanha nacional já aplicou a primeira dose em 41% da população e a segunda em 15,4%. Conforme os pesquisadores, para atingir a meta de pelo menos 90% de imunizados, seria necessário aplicar mais de 176 milhões de doses aplicadas até dezembro. Cálculos dos cientistas indicam que 81% dos brasileiros ainda não estavam totalmente imunizados até o dia 8. O país vem registrando queda da média de mortes, que agora totalizam mais de 539 mil vítimas, e de casos, que já superam 19,2 milhões de pessoas que contraíram a doença.

Valor Econômico: País precisa de 200 milhões de vacinas
Folha de S.Paulo: Leia mais sobre a pandemia
G1: Veja como está a vacinação

4. Governo prevê estouro da meta para este ano e inflação deve chegar a 5,9%

O governo elevou a estimativa de inflação oficial deste ano de 5,05% para 5,9%, acima do teto da meta planejada pelo Banco Central, de 5,25%. Nos 12 meses terminados em junho, a taxa acumulada já era de 8,35%. Segundo o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, o aumento de preços é um movimento global e por isso há necessidade de reformas e da busca pelo equilíbrio fiscal. “Quanto mais rápido e de maneira mais consistente avançarmos, mais rápido teremos melhores resultados econômicos”, disse.

A projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano também foi revisada pelo governo federal, passando de 3,5% para 5,3%, índice pouco superior ao estimado pelo mercado, mas que reflete o otimismo sobre a retomada da atividade econômica. Avanço da vacinação, taxa de poupança mais elevada e crescimento de investimentos, aliados à elevada liquidez do mercado internacional, foram apontados como motivadores dessa revisão positiva. No mês passado, a previsão do Banco Mundial para o Brasil foi de 4,5% de crescimento, abaixo de Índia (8,3%), Argentina (6,4%) e México (5%).

Folha de S.Paulo: Inflação deve estourar a meta

5. Pesquisa revela que parte da Amazônia já emite mais CO2 do que absorve

Estudo liderado pela pesquisadora Luciana Gatti, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e publicado nesta semana aponta que algumas regiões da floresta amazônica já emitem mais gás carbônico do absorvem. Baseada na coleta de amostras de ar da região entre 2010 e 2018, a pesquisa revela que o sudeste da Amazônia se tornou uma grande fonte de emissão de CO2. Com base na amostragem, constataram que nos últimos 50 anos a vegetação e o solo aumentaram suas emissões em até 50%, enquanto a absorção foi de pouco mais de 25%.

Segundo os responsáveis pela pesquisa, essa é a primeira vez que um estudo aponta a diminuição no potencial de absorção da floresta. A elevação da temperatura causada pelo desmatamento e também pela seca mais duradoura levou as árvores a emitirem mais os gases. As emissões de carbono são maiores na parte oriental da Amazônia do que na ocidental, principalmente devido aos frequentes incêndios. Mas a parte sudeste é a mais comprometida e abrange Maranhão, sul do Pará, Mato Grosso e Tocantins.

O Estado de S.Paulo: Amazônia emite mais CO2
G1: Ouça podcast sobre a situação na Amazônia