Brasil

Sexta-feira, 21 de agosto de 2020

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1. Após articulação do governo, Câmara veta aumento para servidores públicos

O governo teve de se mobilizar e buscar apoio de deputados para reverter decisão de senadores e manter o veto presidencial que proíbe aumentos salariais para servidores federais, estaduais e municipais até o final de 2021. O clima de tensão se instalou na quarta-feira, quando o Senado derrubou veto presidencial. Segundo o Ministério da Economia, caso prosperasse a permissão para concessão de reajustes ao funcionalismo haveria um comprometimento fiscal estimado entre R$ 98 bilhões e R$ 120 bilhões para União, estados e municípios. Desde a manhã de ontem, o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, especialmente o ministro Paulo Guedes (Economia), criticaram decisão dos senadores e pressionaram deputados federais a reverterem o quadro. O chefe do Executivo afirmou a apoiadores que se fosse permitido o aumento aos servidores seria “impossível governar o Brasil”. O veto aos aumentos salariais foi uma contrapartida do governo para aprovar o envio de ajuda de R$ 60 bilhões a estados e municípios afetados pela crise econômica decorrente da pandemia. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu o corte de gastos. “Se ninguém vai ter condição de dar aumento. Quanto mais custa o Estado brasileiro, mais punido é o cidadão”. Pesou na articulação política na Câmara a ameaça de revisar a possibilidade de prorrogar o auxílio emergencial dado pelo governo aos mais vulneráveis, o que deve ser anunciado nos próximos dias.

Folha de S.Paulo: Com apoio de Maia, Câmara mantém veto a reajustes salariais
O Estado de S. Paulo: É impossível governar com reajuste salarial, diz presidente
Valor Econômico: Para Guedes, reajuste seria um “crime contra o país”

2. Estudo aponta queda recorde de 8,7% no PIB do segundo trimestre

Estudo aponta que economia brasileira sofreu uma queda recorde de 8,7% no PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores. Segundo dados do Monitor do PIB, realizado pela Fundação Getulio Vargas, quando o desempenho é comparado com o mesmo período do ano passado, a queda chega a 10,5%. O economista Claudio Considera aponta que a atividade econômica regrediu 6,5% em junho em comparação com o mesmo mês no ano passado., mas demonstrou melhora ao avançar 4,2 em relação a maio. Conforme o estudo, o PIB nos meses de abril, maio e junho ficou 14% abaixo do primeiro trimestre de 2014, quando o país entrou em recessão que só terminou em 2016. “O patamar do consumo das famílias no fim do ano passado tinha se posicionado em mesmo patamar do primeiro trimestre de 2014. Agora [no segundo trimestre] está 14% abaixo”, comparou o economista. De acordo com o Relatório Focus, do Banco Central, analistas de mercado projetam crescimento de 3,5% no PIB em 2021, com inflação oficial na casa dos 3%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75%, dentro da meta prevista pelo governo que oscila de 2,25% a 5,25%. Na avaliação dos analistas das 100 maiores instituições financeiras, a expectativa para o saldo da balança comercial para este ano permaneceu positiva em US$ 55 bilhões, a entrada de investimentos estrangeiros recuou de US$ 53,7 bilhões para US$ 51,2 bilhões, mas a projeção para 2021 permanece estável em cerca de US$ 66 bilhões.

Valor Econômico: Queda do PIB no segundo trimestre bate recorde
O Globo: Estimativa para 2021 é melhor, segundo Banco Central

3. Orçamento será 49% maior para Defesa e prevê cortes em Saúde e Educação

O governo federal pretende aumentar o repasse de recursos do Orçamento para cobrir despesas militares no ano que vem. O movimento é oposto ao que se planeja para os ministérios da Educação e da Saúde. Segundo a previsão oficial, o Ministério da Defesa passará a contar com 49% mais dinheiro do que o destinado neste ano, passando dos atuais R$ 73 bilhões para R$ 108,56 bilhões. O Ministério da Educação, por sua vez, ficará praticamente congelado, com uma redução de 0,19%, de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões. Esta é a primeira vez em dez anos que a pasta responsável pelas Forças Armadas terá mais verba que a da Educação. Também o Ministério da Saúde deverá perder recursos, conforme as estimativas do governo para o ano que vem. A área, que recebeu neste ano R$ 134,7 bilhões, antes da pandemia, poderá ter de ficar com R$ 127,75 bilhões em 2021, ou seja, R$ 7 bilhões menos do que o previsto antes da abertura de créditos emergenciais para o combate da disseminação do coronavírus no país. O debate sobre a destinação do dinheiro da União está cercado pela questão do cumprimento ou não do teto de gastos, como prevê a lei. Segundo estimativas, dos R$ 134,7 bilhões, R$ 110,14 bilhões já estão comprometidos com gastos obrigatórios, despesas com os salários dos funcionários.

O Estado de S. Paulo: Defesa terá mais dinheiro do que a Educação
O Estado de S. Paulo: Mesmo com pandemia, Saúde terá menos verba

4. 4 em cada 10 empresas ainda sentem impacto negativo da pandemia

Quatro meses depois do registro dos primeiros casos de coronavírus no Brasil, cerca de 1,25 milhão das empresas ainda relatam dificuldades em suas atividades com a crise desencadeada pela disseminação da doença. Os dados retratam a situação do mercado no final de primeira quinzena do mês passado e foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os negócios prejudicados equivalem a 44,8% dos 2,8 milhões em atividade. De acordo com o levantamento, 380 mil empresas não financeiras (13,5%) demitiram pessoal nos primeiros 15 dias de julho. No final do mês anterior, 410 mil haviam promovido cortes. A grande maioria (70,8%) das demissões foi de até 25% da força de trabalho. Em 10,7% dos casos, as companhias dispensaram mais da metade da força de trabalho. Outro levantamento, feito pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas) revela que 42% das empresas estimam que só voltarão aos patamares anteriores à pandemia a partir de 2021. Mais pessimistas, 10% das companhias afirmam que ainda não conseguem estimar o prazo para voltar à normalidade. O estudo, realizado na primeira semana deste mês, indica ainda que 25% estão operando normalmente e 22% esperam normalizar as atividades até o final deste ano. Os dados, segundo o Ibre, reforçam que a crise afeta mais o setor de serviços do que a indústria e o comércio. No segmento de serviços, 47% só esperam melhora a partir de 2021 e 15% não esperam situação mais favorável.

V

O Estado de S. Paulo: 44,8% das empresas ainda têm dificuldade na pandemia
Folha de S.Paulo: 42% esperam normalidade somente em 2021

5. Taxa de mortalidade supera a dos EUA e adesão ao isolamento cai no país

O Brasil superou os EUA na taxa de mortalidade pelo coronavírus nesta semana. Na quarta-feira, quando foram registradas 1.170 novas mortes e 48.541 casos confirmados da doença, o país chegou à marca de 53,1 mortos por 100 mil habitantes e ultrapassou a taxa norte-americana, de 52,9 óbitos. Até agora, mais de 112 mil pessoas morreram e 3,5 milhões casos da doença já foram confirmados. Mesmo assim, conforme pesquisa do Datafolha realizada entre os dias 11 e 12 deste mês, caiu o número de brasileiros dispostos a se manterem em isolamento social para evitar a disseminação da doença. Segundo o levantamento, hoje 8% dos entrevistados por telefone dizem que estão em isolamento e 43% afirmam que evitam sair às ruas. Em abril, no momento de maior tensão social devido à pandemia, eram 21% de isolados e 51% que só sairiam às ruas se fosse inevitável. Boa parte da mudança dos cuidados está atrelada à sensação de segurança sanitária. A pesquisa aponta que pela primeira vez neste ano há mais brasileiros (46%) acreditando que a pandemia irá arrefecer. Em junho, esse contingente representava 28% da população. A mesma pesquisa sondou a questão do uso de máscaras e chegou a um dado curioso. Aos serem indagados, 92% dos entrevistados disseram que utilizam máscara sempre que saem de casa, mas apenas 48% disseram que as pessoas de suas cidades não utilizam a proteção em locais públicos. Para a psicóloga Vera Iaconelli, isso pode indicar que os entrevistados por telefone tiveram vergonha de admitir que não usam a máscara sempre, ou exagero de percepção quando a pessoa vê outra que não se importa com a proteção.

Folha de S.Paulo: Adesão ao isolamento cai, segundo pesquisa
Folha de S.Paulo: Brasil ultrapassa a taxa de mortalidade dos EUA
Jornal Nacional: Governo gasta 57,5% da verba na pandemia
O Globo: Acompanhe notícias sobre a pandemia
IRRD Covid-19: Veja o mapeamento de casos no Brasil e no mundo