Brasil

Sexta-feira, 5 de junho de 2020

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1. 3,9 milhões de ricos ganham ajuda do governo para pobres

Cerca de 3,9 milhões integrantes de famílias consideradas ricas, com renda per capita superior a R$ 1.780, recebem o auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo federal aos brasileiros mais pobres. É o que diz levantamento feito pelo Instituto Locomotiva, que ouviu 2006 pessoas em 72 cidades. Segundo a pesquisa, 55% das famílias das classes A e B relataram redução da renda por causa da crise econômica e 36% tiveram alguém com negócio fechado ou sem funcionar. Até agora, R$ 74,6 bilhões foram repassados para 57,9 milhões de pessoas. O recebimento da ajuda por pessoas que não preenchem os requisitos é fraude, mas o tamanho da irregularidade, conseguida com a omissão da renda familiar, pode ser maior. Relatório preliminar do Tribunal de Contas da União aponta para cerca de 8,1 milhões de favorecidos de forma indevida e estima que cerca de 2,3 milhões que deveriam ter tido acesso ao auxílio estão fora do programa, criado para atender a microempreendedores, trabalhadores informais e desempregados com renda individual de até R$ 522,50 mensais ou familiar de até R$ 3.135.

Valor Econômico: Mais ricos recebem auxílio emergencial para pobres
O Estado de S. Paulo: Auxílio pode ter sido pago a 8,1 milhões indevidamente
O Globo: Filhos da classe média recebem ajuda indevida, diz TCU
CNN: Não é papel da Caixa filtrar pagamentos, diz presidente do banco

2. Escritórios abrem para público; doença mata 1 por minuto

A Prefeitura de São Paulo autorizou a abertura de escritórios e lojas de automóveis para atendimento ao público a partir de hoje, desde que sigam as regras sanitárias. Cem dias após o primeiro registro oficial no país, o coronavírus mata mais de uma pessoa por minuto no Brasil. Somente na quinta-feira foram 1.483 mortes. No país, já são mais de 34 mil. O ritmo de vítimas fatais coloca a nação em terceiro lugar no mundo, atrás apenas de Reino Unido e dos EUA. Os casos confirmados ultrapassaram a marca de 614 mil pessoas. Segundo dados do Ministério da Saúde, 254.963 pacientes infectados se recuperaram, o que representa 41,5% do total. Estados e municípios ampliam a flexibilização da volta das atividades baseados na quantidade de vagas em UTIs e na redução da velocidade de casos. As medidas de prevenção continuam obrigatórias, como uso de máscara e evitar aglomeração. Epidemiologistas dizem que ainda é cedo para a retomada da “normalidade” e temem nova onda de disseminação da doença.

Folha de S.Paulo: Após 100 dias, coronavírus mata 1 por minuto
G1: Atendimento público é liberado em escritórios de SP
O Estado de S. Paulo: Veja como está a reabertura em cada cidade
TV Globo: Para cientistas, retomada precoce oferece riscos

3. Bolsonaro veta destinação de R$ 8,6 bilhões contra Covid-19

O presidente Jair Bolsonaro vetou a transferência de R$ 8,6 bilhões para governadores e prefeitos utilizarem em ações de combate ao coronavírus. A negativa repercutiu mal entre parlamentares e governantes. O dinheiro, que estava parado no Banco Central, foi requisitado pela equipe econômica para abatimento da dívida pública, mas o Congresso tentou mudar a destinação, sem sucesso. Em sua justificativa, o governo afirma que não poderia mudar a finalidade do recurso. Argumentou também que repassar o dinheiro para estados e municípios criaria uma despesa obrigatória sem previsões de impacto nos próximos anos. A negativa foi vista com surpresa pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. “A informação dos deputados é que tinha ocorrido um acordo [com o governo], inclusive, para destinação desses recursos”, afirmou. Comitê dos secretários da área financeira dos estados querem derrubar o veto do presidente ao repasse da verba para a compra de equipamentos e materiais para o combate à pandemia. De acordo com o grupo, os recursos são importantes para manter o fluxo financeiro e garantir a normalidade na prestação de serviços à população. Para tentar reverter o veto, o Congresso terá de voltar a discutir o assunto e obter maioria em votação.

Folha de S.Paulo: Bolsonaro veta repasse para estados e cidades
Valor Econômico: Estados se mobilizam para derrubar veto presidencial
O Estado de s. Paulo: Leia mais sobre a pandemia e crise econômica
IRRD Covid-19: Veja o mapeamento de casos no Brasil e no mundo
Ministério da Saúde: Veja Informações sobre o coronavírus no país

4. Queda da produção industrial em abril é a pior em 18 anos

A produção industrial brasileira teve a maior queda dos últimos 18 anos em abril, atingindo 18,8% de redução, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). A pandemia de coronavírus é apontada como o principal fator do péssimo desempenho, mas o setor já vinha oscilando em patamares baixos desde 2019, com uma leve recuperação no primeiro bimestre deste ano. Os setores produtivos que conseguiram ter melhor desempenho foram os de alimentos, produtos farmacêuticos e de higiene e limpeza. A indústria automobilística, por sua vez, registrou queda de 88,5%. Outras áreas foram muito afetadas como têxtil, petróleo, bebidas, calçados e metalurgia, por exemplo. Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, o momento é angustiante e a retomada industrial, quando acontecer, será gradual. “Todas as fábricas terão de colocar em prática protocolos para ter cuidado com o vírus nos seus trabalhadores quando forem reabrir. E isso envolve diminuir a velocidade da linha de produção, ter grupos menores de trabalhadores”, afirma.

V Globo: Produção industrial tem a pior queda em 18 anos
O Estado de S. Paulo: Indústria tem maior queda mensal em 18 anos

5. Indicado pelo Centrão fica só um dia no Banco do Nordeste 

O novo presidente do BNB (Banco do Nordeste do Brasil) permaneceu apenas um dia à frente do cargo. Alexandre Cabral foi destituído pelo conselho de administração do banco por estar sendo investigado por um prejuízo de R$ 22 bilhões quando estava no comando da Casa da Moeda. Indicado pelo Centrão, aliança de partidos que oferece apoio ao governo em troca de maior participação nos cargos de comando da administração, Cabral nega irregularidades, mas não conseguiu se manter no posto. Agora, novo nome deverá ser apresentado pelo Partido Liberal, presidido por Valdemar Costa Neto, condenado no escândalo do Mensalão. O bloco parlamentar avança nas negociações com a equipe de Jair Bolsonaro e pode ganhar mais duas secretarias do Ministério da Saúde, com orçamento de R$ 90 bilhões. Até agora, os partidos conseguiram nomeações para Itaipu, Ministério da Educação, Fundação Nacional da Saúde, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, entre outras. Fora do escopo de loteamento de cargos para que haja maioria no Congresso em eventual processo contra o presidente, o governo já liberou em abril R$ 6,2 bilhões do Orçamento para emendas de parlamentares que o apoiam. É o maior montante já liberado em um único mês desde 2016. Parlamentares costumam direcionar as verbas para ações em seus redutos eleitorais, o que resulta no aumento da popularidade dos políticos.

Folha de S.Paulo: Indicado do Centrão fica um dia na presidência do BNB
O Estado de S. Paulo: Governo libera R$ 6,2 bilhões em emendas a apoiadores
Valor Econômico: Centrão deve ganhar mais cargos no governo