Brasil

10 de setembro de 2021

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1. Em todo o país, manifestantes protestam contra e a favor de Jair Bolsonaro no 7 de setembro

Protestos contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro marcaram o feriado da Independência no Brasil, na última terça-feira, 7/9. Os atos aconteceram em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF) e de uma acentuada crise econômica. Em Brasília e, logo depois, São Paulo, onde acompanhou os protestos a favor do seu governo, Jair Bolsonaro fez discursos com ameaças ao próprio STF e à democracia. Ele também chamou as urnas eletrônicas de “farsa”, afirmou que só sai da presidência “preso ou morto” e ainda exaltou a desobediência à Justiça.

No discurso de São Paulo, na Avenida Paulista, o presidente subiu o tom e atacou pessoalmente o ministro do STF Alexandre de Moraes. “Não podemos mais aceitar que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população”. Horas antes, em Brasília, Jair Bolsonaro disse que se reuniria com o Conselho da República, órgão consultivo previsto na lei para ser usado pelo presidente em momentos de crise, para apresentar um retrato de um Brasil que “todos querem”. Membros do Conselho da República negaram a existência da reunião.

BBC: As ameaças de Bolsonaro em discurso no 7 de setembro
G1: 7 de setembro tem protestos a favor e contra o governo Bolsonaro
UOL: Grupo bolsonaristas se dividem entre euforia e frustração com manifestações
G1: Manifestantes protestam na Avenida Paulista a favor de Jair Bolsonaro
El Pais: Mesmo com receio de confrontos, opositores marcam posição contra Bolsonaro

2. STF, Congresso Nacional, Senado, PGR e políticos de diversos partidos reagem aos ataques de Jair Bolsonaro no 7/9

No dia seguintes aos protestos do 7/9 e das ameaças do presidente Jair Bolsonaro nos seus discursos em Brasília e São Paulo, o presidente do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux fez um pronunciamento, na abertura da sessão da Corte, reiterando o compromisso com a democracia e ainda afirmando que “as ameaças do mandatário de descumprir decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, se confirmadas, configuram crime de responsabilidade”. 

Logo após o discurso duro de Fux, Augusto Aras, procurador Geral da República, também se pronunciou. Sem citar o presidente diretamente, ele confirmou o compromisso das instituições com a democracia e a Constituição. Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, defendeu a pacificação entre os poderes e ainda disse que o país “tem um compromisso inadiável com as urnas eletrônicas em outubro de 2022”.

Por último, na quinta-feira, dois dias após as manifestações de 7/9, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luís Roberto Barroso foi ainda mais incisivo. No seu discurso, ele defendeu as urnas eletrônicas dizendo que voltar atrás seria um retrocesso e ainda criticou a postura do atual mandatário do país.

UOL: Barroso reage a discurso de Bolsonaro e diz que é tudo retórica vazia
Folha de S. Paulo: Fux alerta para crime de responsabilidade de Bolsonaro, já Lira fala em ‘basta’ sem citar impeachment
G1: Fux diz que ninguém fechará o STF e que desprezar decisão judicial é crime de responsabilidade
O Globo: Entenda os recados de Fux a Bolsonaro e leia a íntegra do discurso

3. Após reunião com ex-presidente Temer, Bolsonaro recua e diz que ‘nunca teve intenção de agredir os poderes’

Após o acirramento da crise institucional causada pelos atos com pautas antidemocráticas de 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro divulgou uma “Declaração à Nação”, nesta quinta-feira, dizendo que “nunca teve a intenção de agredir os Poderes”. Na declaração, Bolsonaro também disse que “suas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”. 

No documento, dividido em dez pontos, o presidente afirmou ainda que sua principal questão é com o ministro do STF Alexandre de Moraes. “Destaco as qualidades dele como jurista e professor e nossas divergências, agora, serão resolvidas por meio judiciais, assegurando a observância dos direitos e garantias fundamentais”. 

Logo após a divulgação da declaração, a Bolsa de Valores reagiu e teve forte alta, com queda do dólar.

G1: Bolsonaro divulga “Declaração à Nação” e diz que não teve intenção de agredir os poderes
O Globo: Após atos golpistas, Bolsonaro agora diz que ataques ao STF ‘decorreram do calor do momento’
G1: Bovespa tem forte alta após Bolsonaro divulgar “Declaração à Nação”
Estadão: Após dizer que não cumpre decisão de Moraes, Bolsonaro recua e elogia ministro do STF

4. Caminhoneiros fazem protestos em rodovias em 15 estados, um dia após atos pró-Bolsonaro

Um dia após as manifestações a favor de Jair Bolsonaro, no feriado de 7 de setembro, caminhoneiros realizaram protestos e bloquearam total ou parcialmente rodovias em pelo menos 15 estados. O grupo se mobilizou em apoio ao governo e defende a redução do preço dos combustíveis. Os protestos não contaram com o apoio formal de entidades da categoria.

Na maioria dos pontos de interrupção do tráfego, apenas carros pequenos, veículos de emergência e com carga de alimentos eram liberados para passar pelas barreiras formadas. 

Após apelos do governo, que temia um desabastecimento, os manifestantes começaram a liberar as pistas. No fim da tarde da quinta-feira, 9/9, apenas cinco estados registravam bloqueios.

O Globo: Caminhoneiros fazem protestos em rodovias em 14 estados
Folha de S. Paulo: Bloqueios de caminhoneiros em estradas caem para cinco estados
G1: Após novo apelo do governo, caminhoneiros bolsonaristas liberam rodovias, mas mantêm atos
Estado de Minas: Parou geral: protesto de caminhoneiros já atrasa entregas do e-commerce

5. Inflação sobe acima do esperado em agosto e preocupação dos economistas se estende até 2022

Pressionada pelo aumento dos preços dos combustíveis, automóveis, alimentação e energia elétrica, a inflação voltou a apresentar em agosto um desempenho acima do esperado pelo mercado financeiro, elevando o temor dos principais economistas do país de que a alta dos preços continue até o ano que vem.

Segundo dados divulgados esta semana pelo IBGE, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 0,87%, levemente abaixo dos 0,96% de julho, mas a maior taxa para o mês desde o ano de 2000. Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,68%, a mais alta desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36%. 

Ainda de acordo com dados divulgados pelo IBGE, a alta do combustível foi o principal fator para o resultado. Somente a gasolina, com alta de 2,80%, foi a responsável por 0,17 ponto percentual da inflação mensal. 

Infomoney: Inflação de agosto fica acima do esperado e já preocupa economistas
G1: Alta da gasolina pesa e inflação oficial fica em 0,87% em agosto
UOL: Inflação disfarçada faz produtos diminuírem de tamanho sem queda no preço
FSP: Inflação está alta no mundo todo, mas aqui é mais difícil de ser combatida
Veja: Com pressão geral de preços, inflação atinge pico de 9,68% em 12 meses