Brasil

Sexta-feira, 10 de julho de 2020

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1. Pressionado por investidores, governo tenta proibir queimadas por 120 dias

O governo federal vai proibir queimadas na Amazônia e outros biomas por 120 dias. A medida é uma das respostas que o país pretende dar aos fundos de investimento e pensão do Reino Unido, Suécia, Noruega, Holanda e Japão, que cobraram medidas contra o desmatamento em carta aberta divulgada nesta semana. É também um aceno para empresários brasileiros que veem exposição negativa da imagem do Brasil, prejudicial aos negócios externos. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, também responsável pelo Conselho Nacional da Amazônia, participou de conferência com os investidores estrangeiros ontem e disse que eles pediram a apresentação de resultados como condicionante à manutenção de investimentos no país. Instituições financeiras que pressionam o governo quanto à preservação ambiental são responsáveis pela gestão de US$ 4 trilhões e ameaçam suspender investimentos no Brasil. Mourão afirmou que negocia a retomada de doações da Noruega e Alemanha para o Fundo Amazônia, mas ressaltou que o Brasil é alvo de críticas por ser uma potência agrícola e possuir um território privilegiado. Após a reunião, o fundo de pensão norueguês Storebrand divulgou nota afirmando que os investidores continuarão monitorando resultados. “Vamos continuar a monitorar os acontecimentos no Brasil para medir nossa exposição aos riscos financeiros provenientes do desmatamento”, afirma o texto. No mês passado, o Brasil registrou aumento de 18,5% dos focos de incêndio na Amazônia em relação ao mesmo período do ano passado, o maior índice desde 2007. No primeiro semestre inteiro, o desmatamento cresceu 25,4%.

Valor Econômico: Mourão tenta tranquilizar investidores sobre Amazônia
Folha de S.Paulo: Com avanço do desmatamento, governo ouve críticas
Valor Econômico: Governo tenta conter desmatamento com veto a queimadas
Folha de S.Paulo: Amazônia teve recorde de queimadas em junho
Valor Econômico: Desmatamento cresceu 25,4% no primeiro semestre

2. Brasil assume posto de maior produtor mundial de soja com safra recorde

O Brasil assumiu a posição de líder mundial em produção de soja, mesmo em meio à pandemia de coronavírus. Projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o país terá uma supersafra, consolidando a posição à frente dos EUA. Foram colhidas 119,9 milhões de toneladas de soja no primeiro semestre, 5,6% a mais que o verificado no período anterior e maior que a dos norte-americanos, que ficou em 96,68 milhões de toneladas. Segundo o IBGE, a liderança será mantida e isso poderá se repetir na próxima colheita, quando o Brasil produzirá 131 milhões de toneladas, acima das 112,3 toneladas previstas para os EUA. Setorialmente, a produção brasileira de grãos será 2,5% maior que a da safra anterior e a produtividade do cultivo café e algodão também baterá recorde nacional. Os produtores deverão colher 247,5 milhões de toneladas neste ano, marca recorde já registrada e 2,5% acima da safra anterior. “Não fosse a seca no Rio Grande do Sul, a produção de soja passaria de 125 milhões de toneladas”, afirmou Carlos Antônio Barradas, analista de agropecuária do IBGE. Segundo ele, além da eficiência no campo, a alta do dólar deverá favorecer ainda mais a competitividade dos produtos brasileiros e impulsionar as exportações.

O Estado de S. Paulo: Brasil se consolida como maior produtor de soja

3. Jair Bolsonaro contrai coronavírus e defende o uso de hidroxicloroquina

O presidente Jair Bolsonaro revelou nesta semana que contraiu o coronavírus e cancelou compromissos externos. O anúncio, feito por meio de rede social, rapidamente repercutiu na mídia nacional e internacional. Desde o início da pandemia, o chefe do Executivo protagonizou momentos polêmicos classificando a doença como “gripezinha” e mantendo-se crítico a medidas de isolamento social e até ao uso obrigatório de máscara de proteção. Em live, o presidente disse estar se tratando com hidroxicloroquina, medicamento cuja eficácia contra a doença não foi validada por nenhum estudo científico. “Aos que torcem contra a hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso e, com a graça de Deus, viverei ainda por muito tempo”, disse. Segundo ele, seu governo disponibilizou todos os recursos necessários para o combate à pandemia. “Nenhum país do mundo fez como o Brasil. Preservamos vidas e empregos sem propagar o pânico, que também leva a depressão e mortes. Sempre disse que o combate ao vírus não poderia ter um efeito colateral pior que o próprio vírus”, afirmou, referindo-se aos impactos na economia. Até o momento, o Brasil já tem mais de 70 mil mortos e 1,7 milhão de pessoas infectadas pela doença.

Folha de S.Paulo: Bolsonaro contrai coronavírus
O Globo: Imprensa mundial destaca negacionismo de presidente
G1: Líderes de outros países também foram infectados
G1 Podcast: As implicações de o presidente estar com coronavírus
Folha de S. Paulo: Governadores e outros políticos contraíram doença
G1: Acompanhe notícias sobre a pandemia
IRRD Covid-19: Veja o mapeamento de casos no Brasil e no mundo

4. Transmissão descontrolada de Covid no país completa 11 semanas

Estudo feito pelo centro de análise de doenças infecciosas do Imperial College aponta que a transmissão do coronavírus no Brasil completou 11 semanas consecutivas de descontrole e aceleração. Segundo a pesquisa, a taxa de contágio da doença no país subiu de 1,03 para 1,11, o que significa que cada grupo de 100 pessoas e capaz de contaminar outras 111, que transmitirão para 123 e aumentarão ainda mais a propagação, sucessivamente. Em toda a América do Sul outros quatro países seguem o movimento epidemiológico do Brasil: Colômbia, Argentina, Bolívia e Equador. A mesma tendência foi verificada em outro estudo, da Bain & Company, segundo o qual apenas 3 dos 27 estados brasileiros estão em situação de baixo risco de pico de contaminação pelo Covid-19: Mato Grosso do Sul, Amapá e Tocantins. O levantamento, que considera taxa de contaminação, utilização das UTIs e número de mortes por milhão de habitantes, aponta alto risco de pico da doença em Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Acre. Nos 20 estados restantes o risco é médio, incluindo São Paulo, onde o governo liberou a retomada do Campeonato Paulista de futebol a partir do dia 22. Os jogos serão realizados sem a presença de torcedores nos estádios. Para especialistas, o maior risco no país atualmente é o fato de as mortes causadas pelo coronavírus terem estacionado em patamar alto. Na maioria dos países, após atingir o pico a queda de casos foi vertiginosa.

Folha de S.Paulo: Transmissão do coronavírus continua descontrolada
Valor Econômico: Só 3 estados têm baixo risco de aceleração
O Globo: Mortes pelo Covid-19 estacionam em patamar alto
O Estado de S. Paulo: SP confirma volta de campeonato de futebol

5. Auxílio evita que 5,6 milhões de crianças vivam na miséria, diz estudo 

Mesmo sendo alvo de críticas por não ter atendido até o momento todas as famílias necessitadas, o auxílio emergencial de R$ 600 criado pelo governo federal para a população mais vulnerável à crise causada pelo coronavírus evitou que 5,6 milhões de crianças com até 13 anos de idade passassem a viver abaixo da linha da pobreza. A conclusão foi divulgada nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. Segundo os pesquisadores, 2,27 milhões de crianças dessa faixa etária viviam na miséria em maio, com renda familiar per capita diária menor do que USD $1,90. Esse número subiria para 7,9 milhões se fosse descontado desse rendimento o auxílio emergencial. Em três meses de funcionamento, o programa beneficiou 64,9 milhões de brasileiros e distribuiu um total de R$ 112,5 bilhões, mas ainda havia 1,9 milhão de pessoas na fila de espera por aprovação do cadastro. A ajuda financeira durante a pandemia também é apontada como fator determinante para atenuar a queda do Produto Interno Bruto. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a economia brasileira ficará 7,5% menor neste ano em comparação com 2019. Com o auxílio emergencial, essa redução poderá ser de 5,5%.

Valor Econômico: Auxílio evita que crianças vivam na miséria
EBC: Auxílio emergencial ainda tem fila de espera
Valor Econômico: Ajuda vai atenuar queda do PIB neste ano