Brasil

Sexta-feira, 13 de Março de 2020

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1. Bolsa acumula perdas e dólar dispara em semana tensa

A Bolsa de Valores seguiu a tendência mundial de queda desde o anúncio oficial da pandemia de coronavírus. Até quinta-feira os negócios foram suspensos quatro vezes para evitar maiores perdas. O circuit breaker interrompe os negócios por meia hora sempre que a queda na Bolsa atinge 10%. Ontem, o Ibovespa cedia 19,60%, mas a situação melhorou após intervenção do Banco Central do Brasil e em reação ao aumento de liquidez do mercado financeiro norte-americano. As medidas reduziram as perdas para 14,78% ao fim do pregão, a pior queda desde 1998, no auge da crise na Rússia. A Bolsa já acumula perda de 39,3% desde janeiro. O dólar disparou e chegou a ser cotado a R$ 5,0290, alta de 6,52%, na abertura do mercado na quinta-feira, mas recuou para R$ 4,7882. Na manhã de hoje, a reação de bancos centrais de vários países repercutiu no mercado internacional. No Brasil, por volta das 10h o dólar estava cotado em R$ 4,6955 e a bolsa também demonstrou reação, com alta de 13,26%.

O Globo: Após dia de pânico, Bolsa volta a subir em São Paulo
Valor Econômico: Melhora global fez dólar recuar na manhã de hoje
Folha de S.Paulo: Acompanhe o mercado financeiro em tempo real
Valor Econômico: Coronavírus e petróleo aumentam risco de crise global

2. Governo reduz a projeção de crescimento do PIB para 2,1%

O Ministério da Economia reduziu a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nesta semana, diante do cenário de pandemia do novo coronavírus. A estimativa baixou de 2,4% para 2,1% neste ano. A nova projeção, entretanto, não levou em consideração a queda do preço do petróleo e as sucessivas quedas na Bolsa. Em entrevista, no entanto, o ministro Paulo Guedes falou sobre o pior cenário para o país. “Se a pandemia tomar conta do Brasil e nós não fizermos nossas reformas [o PIB] pode chegar a 1%”, disse. Em seguida, o ministro reafirmou que a perspectiva por enquanto é boa internamente. “Reafirmamos que, do ponto de vista da economia, temos toda serenidade, capacidade de enfrentar qualquer exacerbação indevida da crise, essa ansiedade, mercado de câmbio, ações, são naturais no sentido de crise. Mas estamos seguros de que é uma hora de transformar a crise me reformas”, disse. O subsecretário de Política Fiscal do Ministério da Economia, Marco Cavalcanti, disse acreditar que o impacto da pandemia no Brasil será temporário. Por isso o governo manteve as projeções de 2,5% de crescimento entre 2021 e 2024. Para o primeiro trimestre, a projeção é de 1,84% em relação ao mesmo período de 2019.

Valor Econômico: Projeção do PIB cai de 2,4% para 2,1%
Folha de S.Paulo: Ministro diz que em cenário pessimista PIB crescerá 1%
O Estado de S. Paulo: Brasil tem capacidade de decolar, afirma Guedes

3. Casos de coronavírus sobem e governo contratará médicos

O Brasil já tem 151 casos confirmados de coronavírus, segundo dados obtidos pela imprensa nos Estados. O governo federal anunciou a contratação de 5.800 médicos para atender demanda que deve ser gerada na rede pública. Até 7 de abril todos deverão estar trabalhando. Em São Paulo, o governo informou que já há transmissão comunitária da doença no Estado, ou seja, que pessoas não tiveram contato com quem teve a doença e não viajaram têm sido diagnosticadas com o coronavírus. A projeção menos grave feita por um grupo técnico do governo prevê que pelo menos 460 mil indivíduos sejam infectados pelo coronavírus nos próximos meses em todo o Estado. O cenário mais pessimista eleva o risco para 4,6 milhões de habitantes, o equivalente a 10% da população paulista. Na manhã de hoje, o governo de Minas Gerais decretou situação de emergência e passou a permitir a realização compulsória de exames, testes e coletas de amostras clínicas de pacientes com suspeita de ter a doença.

Folha de S.Paulo: Veja em tempo real notícias sobre o coronavírus
O Estado de S. Paulo: No melhor cenário, doença pode atingir 460 mil só em SP
Ministério da Saúde: Acompanhe as informações do governo sobre a doença
O Globo: Acompanhe notícias sobre a pandemia de coronavírus

4. Secretário do presidente é diagnosticado com a doença 

O secretário especial de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, contraiu o coronavírus. Ele acompanhou visita oficial de Jair Bolsonaro aos EUA e esteve perto Bolsonaro e do presidente norte-americano, Donald Trump. Com a confirmação do contágio, Bolsonaro e integrantes da comitiva foram monitorados. Ontem, em vídeo transmitido em rede social, o presidente apareceu de máscara ao lado de tradutor de Libras e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. No início da tarde de hoje, Bolsonaro publicou em seu perfil que seu exame deu negativo para a doença. Por precaução, o presidente cancelou viagem que realizaria  a Mossoró, no Rio Grande do Norte na quinta-feira. Além de Bolsonaro, a família dele, políticos e membros do governo que viajaram para os EUA fizeram exames.

O Estado de S. Paulo: Secretário da Presidência contrai coronavírus
Valor Econômico: Bolsonaro diz que teste para coronavírus deu negativo
Folha de S.Paulo: Veja em tempo real notícias sobre o coronavírus
Organização Mundial da Saúde: Acompanhe informações sobre a pandemia
Folha de S.Paulo: Com suspeita da doença, presidente cancela viagem

5. Medo de contágio faz escolas fecharem e ameaça serviços

Escolas em algumas cidades decidiram suspender as aulas. A rede pública de ensino do Distrito Federal adotou a mesma medida. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que analisa a possibilidade de antecipar as férias escolares, mas ressaltou que é preciso ponderar outros fatores tão ou mais importantes. “Se for para deixar [as crianças] com os avós, vou contaminar aqueles que mais quero proteger, que são os idosos e os doentes crônicos”. Universidades públicas importantes, como USP e Unicamp, além de instituições particulares, também anunciaram a suspensão de aulas. As restrições, que também atingem empresas e causam redução da circulação de pessoas pode afetar a economia. “Todo mundo só fala dos efeitos do coronavírus que vêm de fora, mas podemos sofrer domesticamente. Nesse caso, o impacto [sobre a economia] será muito forte”, diz Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. Para ele, a redução de circulação de pessoas impactaria inicialmente setores como recreação e viagens. Havendo quarentena, diz ele, a receita das empresas seria ainda mais afetada, o que dificultaria o pagamento de empréstimos e salários.

Valor Econômico: Restrição à circulação pode afetar setor de serviços
Folha de S.Paulo: Acompanhe em tempo real notícias sobre o coronavírus