Brasil

Sexta-feira, 23 outubro de septembro de 2020

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1. Bolsonaro desautoriza a compra de vacina chinesa um dia após acordo

Um dia depois de o ministro da Saúde ter anunciado que o governo federal compraria 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, contra o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro barrou o acordo. O medicamento está sendo testado pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, do governo de São Paulo, comandado por seu possível adversário nas eleições presidenciais de 2022, João Doria. O presidente disse que “qualquer vacina, antes de ser oferecida, deverá ser comprovada cientificamente e certificada”. E completou: “O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”. Estudo publicado nesta semana pela revista Nature aponta que a população brasileira é a segunda que mais aprova o uso de vacina contra o coronavírus (85,3%), atrás apenas dos chineses (88,6%),

Governadores e autoridades de saúde reagiram mal à decisão do presidente. Doria já havia celebrado em setembro a compra de 46 milhões de doses por USD $90 milhões para uso no Estado de São Paulo, mas esperava ter apoio federal para arcar com novas aquisições. “É criminoso negar vacina a alguém”, disse o governador. A CoronaVac está na fase mais avançada de testes clínicos e os dados sobre a eficácia devem ser divulgados em dezembro. A compra das vacinas pelo governo federal para campanha nacional de imunização estava orçada em R$ 1,9 bilhão. O país já registrou mais de 155 mil mortes e de 5,3 milhões de infectados pela doença.

O Estado de S. Paulo: Bolsonaro rejeita compra de vacina chinesa contra Covid
Folha de S.Paulo: Negar vacina é criminoso, afirma Doria
UOL: Apoio à vacina no Brasil é o segundo maior no mundo
O Globo: Acompanhe notícias sobre a pandemia
IRRD Covid-19: Veja o mapeamento de casos no Brasil e no mundo

2. Nas metrópoles, pobres perdem 32,1% da renda e ricos têm queda de 3,2%

Pesquisa divulgada nesta semana mostra que a população mais pobre do país teve maior perda de renda do que os brasileiros mais ricos durante a pandemia. O estudo “Desigualdade nas Metrópoles” não incluiu no cálculo de renda o auxílio emergencial que será pago pelo governo federal até o final do ano nem outras fontes assistenciais, como o Bolsa Família, por exemplo, o que resulta na dimensão exata da queda de rendimento individual recebido com trabalho.

Na comparação do segundo trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, 40% dos trabalhadores mais pobres das 22 regiões metropolitanas brasileiras perderam 32,1% da renda, 50% dos profissionais com rendimento intermediário tiveram redução de 5,6% e os 10% mais ricos perderam 3,2%. Em nove regiões (Manaus, Belém, Grande São Luís, Natal, João Pessoa, Goiânia, Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis) os ricos ficaram mais ricos, mas em nenhuma metrópole isso ocorreu com os que ganham menos.

Folha de S.Paulo: Mais pobres nas metrópoles perdem 32,1% da renda

3. Campanhas diferentes e pandemia ameaçam eleição, dizem especialistas

Uma eleição com campanha tardia e envolta ao novo normal imposto pela pandemia pode impactar negativamente a participação do brasileiro na votação, que acontecerá no próximo dia 15. A opinião é de cientistas políticos e pesquisadores, para quem o risco de aumento da abstenção existe e é grande. Pesquisa Datafolha realizada no início do mês já apontava que 21% dos eleitores paulistanos não pretendem ir às urnas por medo de contrair o coronavírus.

A ausência das grandes concentrações em comícios e carreatas na campanha deste ano para eleger prefeitos e vereadores, bem como os tradicionais contatos com eleitores nos grandes centros comerciais também tornam a disputa política menos envolvente do que antes, segundo o cientista político Antonio Lavareda. Outro fator atribuído à pandemia, mesmo com todos os protocolos de saúde anunciados pela Justiça Eleitoral, é a desistência de eleitores dos grupos de risco, principalmente os idosos. “Isso aconteceu em países que tiveram eleição durante a pandemia”, afirma, Lorena Barberia, professora doutora da USP.

Folha de S.Paulo: Medo de pandemia pode aumentar abstenção
Folha de S.Paulo: Saúde é tema político mais buscado na internet

4. EUA fazem parceria com o Brasil e campanha contra o 5G da China

Comitiva do governo dos EUA ofereceu a liberação de US$ 1 bilhão ao Brasil para investimentos voltados principalmente para a área de comunicações. A assinatura do acordo, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, reforçou ainda mais simpatia do brasileiro a Donald Trump, que tem pressionado o Brasil para vetar equipamentos de infraestrutura da internet 5G feitos pela China e promover a substituição de componentes já utilizados hoje em 4G, alegando risco de espionagem.

Com leilão previsto para o ano que vem, a tecnologia 5G atraiu o interesse da gigante chinesa Huawei, que já opera no país. A Embaixada da China no Brasil divulgou carta pública acusando políticos norte-americanos de “mentir e trapacear”, reiterando que o país está centrado na cooperação e que “jamais interferiu nos assuntos internos e políticas externas de outros países”. Atualmente, cerca de 40% da participação do mercado brasileiro estão concentrados na Huawei e Ericsson. Nokia detém cerca de 20%.

Valor Econômico: EUA oferecem US$ 1 bilhão para brecar 5G chinês
Folha de S.Paulo: China se diz alvo de “mentiras e trapaças”
O Globo: Como fica o Brasil na guerra EUA x China?

5. País registra o pior desempenho econômico entre os Brics em 20 anos

O Brasil teve o pior desempenho em crescimento econômico entre os Brics nos últimos 20 anos. Numa comparação com o estudo da Goldman Sachs com a previsão de 20 anos de história, a partir de 2000, China lidera e é seguida por Índia e Rússia. Se as estimativas feitas no estudo divulgado em 2003 se concretizassem, o Brasil deveria ter crescido 101,7% nas duas décadas, frente aos 43,6% que deve alcançar até o final deste ano, considerando a recessão estimada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Rússia também ficou aquém do previsto (78,4% de crescimento, ante uma estimativa de 127,3%.

Segundo analistas, o Brasil despencou a partir de 2014. Parte atribuiu a queda às políticas dos governos do PT, outra parcela aponta o declínio como consequência da teoria da austeridade fiscal. A Rússia, o segundo menos ruim do grupo (África do Sul não foi incluída na projeção publicada em 2003), também foi impactada em 2014, mas por outras razões não conseguiu se reerguer (petróleo em baixa, falta de reformas e aumento da pobreza). China e Índia, ao contrário, superaram as expectativas, com crescimento de 425,4%, ante 249,3%, e 229,8%, contra 206,1% previstos.

Valor Econômico: Brasil é o pior dos Brics em 20 anos