Brasil

Sexta-feira, 7 de maio de 2021

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1. CPI da Covid expõe falhas do governo Bolsonaro no combate à pandemia

Em depoimento à CPI da Covid, na quinta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não conseguiu esclarecer quantas doses de vacina contra o coronavírus o governo efetivamente comprou. O próprio Queiroga e a publicidade oficial do governo Jair Bolsonaro mencionam 560 milhões de unidades até o final do ano, mas esse número agora vem sendo questionado. No depoimento, o ministro reduziu a quantidade para 430 milhões, mas, em resposta a um requerimento da comissão o ministério informou 280 milhões de vacinas. Diante do impasse e da suspeita de que os números estejam inflados, Queiroga terá de comprovar os dados para a CPI. Em várias cidades do país não há vacinas para aplicação da primeira ou da segunda dose.

A semana de trabalhos da CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a omissão do governo federal no combate à pandemia e o uso de recursos para essa finalidade nos estados e municípios, expôs diversas vezes falhas do governo no combate à pandemia, como falta de planejamento para a compra de vacinas e insistência na divulgação da hidroxicloroquina como tratamento preventivo. Foram ouvidos os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. O também ex-ministro e um dos principais alvos da investigação, o general Eduardo Pazuello, não compareceu ao seu depoimento alegando ter mantido contato com pessoas que testaram positivo para o coronavírus. Após o mal-estar causado por essa ausência, o depoimento presencial foi marcado para o dia 19.

Folha de S.Paulo: Ministro poupa presidente
O Estado de S. Paulo: Ministro infla dados sobre vacinas
Folha de S.Paulo: Ex-ministro alega quarentena e não depõe
G1: Cidades interrompem vacinação por falta de doses

2. Pressionado, presidente faz discurso com ataque à China e ameaça ao STF

Pressionado pela repercussão negativa com os trabalhos da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro atacou veladamente a China e a independência do Supremo Tribunal Federal em sua retórica. “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Qual o país que mais cresceu seu PIB [Produto Interno Bruto]? Não vou dizer para vocês”, afirmou em evento no Palácio do Planalto. Mais tarde, disse que não pronunciou “China” no discurso, país que teve crescimento do PIB e que fornece insumos para vacina. Ontem, porta-voz do governo chinês afirmou que o país é contra a politização do vírus.

Bolsonaro voltou a questionar restrições adotadas em municípios e estados. “Se eu baixar um decreto [proibindo lockdown], vai ser cumprido. Não ouse contestar”, afirmou. A legislação e as medidas excepcionais relativas à pandemia não permitem que o presidente adote medidas que interfiram na autonomia de estados e municípios e que não tenham aprovação do Congresso Nacional. Na quarta-feira, o Brasil completou 50 dias consecutivos com média superior a 2 mil mortes por dia. São mais de 417 mil óbitos, 15 milhões de infectados e 11% da população com as duas doses da vacina, plenamente imunizadas.

Folha de S.Paulo: Sob pressão, presidente ataca a China e o STF
Folha de S.Paulo: China condena politização do vírus
G1: Leia mais notícias sobre a pandemia
Folha de S.Paulo: Veja como está a vacinação no país

3. Taxa básica de juros sobe para 3,5% e mantém a tendência de nova alta

A taxa básica de juros teve aumento de 0,75% e foi para 3,5% ao ano. O Banco Central também sinalizou nova alta na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), nos dias 15 e 16 de junho. Comunicado sobre o ajuste reiterou que considera os choques inflacionários atuais “temporários”. “Com exceção do petróleo, os preços internacionais das commodities continuaram em elevação, com impacto sobre as projeções de preços de alimentos e bens industriais”, disse, destacando ainda que a mudança na bandeira tarifária “deve manter a inflação pressionada no curto prazo”.

O Copom admitiu que a política monetária tem como objetivo a inflação de 2022 com meta de inflação de 3,5% e tolerância de 1,5 ponto percentual. Neste ano, a meta anunciada era de 3,75%, podendo variar de 2,25% a 5,25%. Segundo comunicado do comitê, mesmo com o agravamento da pandemia nos últimos meses há sinais de retomada. “Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes mostram uma evolução mais positiva do que o esperado […]. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia ainda permanece acima da usual, mas aos poucos deve ir retornando à normalidade”, destacou.

Valor Econômico: Copom eleva taxa Selic para 3,5%
Folha de S.Paulo: Taxa pode chegar a 4,25% em junho

4. Pequenas e microempresas criaram 57,9% do total de empregos em março

Pequenas e microempresas (MPEs) foram responsáveis pela criação de 57,9% das vagas abertas no mercado de trabalho em março, revela estudo feito pelo Sebrae com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Dos 184.140 postos formais de trabalho preenchidos, 106.796 eram de empresas de menor porte. Foi o nono mês seguido de aumento de contratações no setor. No acumulado do ano, as MPEs respondem por 70,1% dos cerca de 837 mil empregos gerados no primeiro trimestre, em comparação com 22,7% das médias e grandes.

Na segmentação por áreas, a pesquisa mostra que todos os setores tiveram bons resultados, mas o de serviços manteve a liderança em vagas criadas em março: 38.884 pelas MPEs, frente a 55.873 pelas médias e grandes empresas. Em segundo lugar entre as pequenas e microempresas aparece a área de indústria de transformação com 27.759 novas vagas, seguida por construção civil (18.386). O saldo mensal médio do setor foi de 195 mil postos de trabalho, mais que o triplo do contingente contratado pelas companhias maiores (63 mil pessoas). O país já tem mais de 14,4 milhões de desempregados.

O Estado de S. Paulo: Micro e pequenas empresas abrem mais vagas

5. Indústria perde os ganhos de 9 meses e volta para o patamar pré-pandemia

A produção industrial brasileira recuou 2,4% em março, anulou os ganhos de 40,1% acumulados em nove meses seguidos de altas e voltou ao mesmo patamar do período pré-pandemia, em fevereiro de 2020. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, 15 dos 26 setores analisados tiveram queda de produção, com destaque negativo de 8,4% de redução na fabricação de veículos. Segundo economista, as montadoras sofreram algumas paralisações no período devido à falta de peças e equipamentos. O agravamento da pandemia é apontado como principal fator na queda de desempenho da indústria brasileira.

O resultado, no entanto, é positivo quando a comparação é feita com 2020, ambos períodos de pandemia. Em março deste ano, a produção industrial teve um avanço de 10,5% em relação ao mesmo mês do ano passado e isso é verificado no desempenho de 20 dos 26 setores pesquisados. Contudo, quando a comparação é feita com período anterior ao coronavírus, a queda prevalece e fica em 3,9% frente a março de 2019. No acumulado do trimestre, houve recuo 0,4% ante o período anterior e avanço de 4,4% se comparada com o mesmo mês do ano passado.

Valor Econômico: Indústria perde ganhos de 9 meses
O Estado de S. Paulo: Produção industrial cai com avanço da pandemia