Brazil

April 16, 2021

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1. Em meio a palavrões do presidente, CPI da Covid amplia foco e é instalada

A Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar a gestão do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia e o uso dos repasses de verbas federais para estados e munícipios, chamada de CPI da Covid, foi instaurada com minoria governista nesta semana. Dos 11 senadores responsáveis pelos trabalhos, 4 são declaradamente apoiadores do Executivo, 5 são considerados independentes e os outros 2 de partidos de oposição. Os trabalhos da comissão devem ser iniciados no dia 22.

Referendada por 10 votos a 1 pelo Supremo Tribunal Federal, a determinação de abertura da CPI da Covid causou novo mal-estar após a divulgação de conversa gravada de Bolsonaro com o senador Jorge Kajuru. “Se você [Kajuru] não participa [da CPI], vem a canalhada lá do [senador] Randolfe Rodrigues e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses”, disse. Rodrigues, autor do pedido de abertura da CPI, faz parte da comissão. O Senado, em negociações posteriores à fala de Bolsonaro, incluiu repasses a estados e municípios no escopo da CPI.

O Estado de S. Paulo: CPI da Covid tem minoria governista
Folha de S.Paulo: Senado inclui estados e municípios na CPI
Rede Globo: Negociação pela presidência da CPI avança

2. Governo repõe apenas 17% do estoque de remédios para pacientes intubados

Com estoque de medicamentos para tratar pacientes com coronavírus em estado grave, o governo federal conseguiu até agora comprar apenas 17% da quantidade que o setor de saúde pública precisa. O Ministério da Saúde havia se comprometido a comprar 186 milhões de doses dos medicamentos, um estoque suficiente para 180 dias. No entanto, só foram obtidas 32,48 milhões de unidades (17%).

Analgésicos, sedativos e remédios que controlam condições do coração e da circulação pulmonar estão entre os itens que acabaram. Essas medicações são aplicadas nos pacientes intubados para que eles não sintam dor nem tentem retirar o tubo involuntariamente. Estados e municípios começaram a suspender internações ou improvisar os atendimentos. No Rio de Janeiro, profissionais de saúde afirmam que pacientes chegaram a ser amarrados às macas para não se debaterem. O coronavírus já matou mais de 366 mil pessoas no país e infectou outras 13,8 milhões. Até ontem à noite, 12% da população havia sido vacinada contra a Covid-19.

O Estado de S. Paulo: Governo repõe só 17% do estoque do kit intubação
O Globo: Sem sedativo, pacientes são amarrados nos leitos
G1: Leia mais notícias sobre a pandemia
Our World in Data: Acompanhe a vacinação no Brasil e no mundo

3. Brasileiros têm o 5º maior nível de percepção de piora da saúde mental

Pesquisa do Instituto Ipsos encomendada pelo Fórum Econômico Mundial aponta que a sensação de piora do bem-estar mental no Brasil está acima da média global e é a quinta maior entre 30 países. O levantamento foi feito com 21 mil entrevistados e mostra que 53% dos brasileiros declararam essa percepção, atrás apenas de Turquia (61%), Hungria (56%), Chile (56%) e Itália (54%). A média global foi de 41%.

A segmentação da pesquisa mostra ainda que 18% dos brasileiros acreditam que sua saúde mental piorou muito no último ano, índice abaixo apenas da Turquia e da Hungria, empatadas em primeiro lugar com 21%. Os entrevistados também foram questionados sobre a expectativa de voltar a viver como antes da pandemia. No Brasil, 50% disseram que esperam isso acontecer ainda neste ano e 35% acreditam que levará mais tempo. A média dos 30 países foi de 45% e 41%, respectivamente.

Valor Econômico: Maioria vê piora da saúde mental no Brasil
BBC Brasil:
Para brasileiros, bem-estar mental piorou

4. Inadimplência atinge 26% das famílias e nível de endividamento bate recorde

Sondagem feita pela Fundação Getulio Vargas aponta que 26% das famílias brasileiras têm ao menos um integrante com dívida em atraso. A inadimplência chega a 44% em núcleos familiares com renda de até R$ 2.100 e a 10% entre os que têm rendimento superior a R$ 9.600. Segundo o estudo, mais da metade dos inadimplentes relaciona o problema à redução do salário ou perda do emprego devido à pandemia.

O grau de endividamento bancário, de acordo com relatório do Banco Central divulgado nesta semana, também cresceu no ano passado e foi recorde, comprometendo 56% da renda anual das famílias. Em 2019, essa margem foi de 49%. O comprometimento da renda dos moradores do mesmo domicílio com prestações bancárias também foi o maior da série histórica, iniciada em 2005, e ficou em 31% em 2020, frente aos 29% de um ano antes.

Folha de S.Paulo: 26% da famílias têm dívida em atraso
O Estado de S. Paulo: Endividamento bancário cresce

5. Em carta a Biden, Bolsonaro promete fim do desmatamento ilegal até 2030

Em aceno inédito aos EUA, o presidente Jair Bolsonaro prometeu eliminar o desmatamento ilegal no país até 2030. Esse compromisso nunca esteve entre as metas assumidas anteriormente. Bolsonaro também sinalizou que pode antecipar em 10 anos, para 2050, a neutralidade climática, mas condicionou isso à liberação recursos internacionais significativos para essa finalidade. Os compromissos assumidos por Bolsonaro estão em carta enviada ao presidente dos EUA, Joe Biden, às vésperas da reunião de cúpula mundial sobre mudanças climáticas, no dia 22.

No documento, o presidente brasileiro afirma estar disposto adotar ações conjuntas com lideranças indígenas e ONGs “para um debate construtivo e realmente comprometido com a solução dos problemas”. Ontem, o cacique Raoni Metuktire, liderança indígena reconhecida no mundo, participou de ato virtual e enviou recado a Biden. “Ele [Bolsonaro] está incentivando o garimpo, os madeireiros. Quero rio limpo, a floresta em pé. Para que nos odiar tanto?”. E completou: “Não sei falar o seu nome, o senhor [Biden] já deve ter ouvido falar de mim. Se esse presidente ruim falar algo para o senhor, ignore-o e diga: Raoni já falou comigo”, disse.

Folha de S.Paulo: Bolsonaro promete acabar com desmatamento ilegal
O Estado de S. Paulo: EUA cobram posicionamento sobre Amazônia
Folha de S.Paulo: Raoni aconselha Biden a ignorar ‘o presidente ruim’