Brasil

Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

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1. Taxa básica de juros cai pela quarta vez e fica em 4,5%

O Banco Central reduziu a taxa básica de juros anual de 5% para 4,5%, a quarta queda consecutiva em 2019. O corte confirma a expectativa de mercado, mas o governo não fez menção a novas reduções, o que pode ser interpretado como o fim de um ciclo. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária acontecerá em fevereiro de 2020 e o relatório divulgado na quarta-feira avalia que o atual estágio do ciclo econômico exige cautela, apesar de os dados da economia indicarem processo de recuperação, mesmo que em ritmo gradual. Apesar do aumento da inflação oficial em novembro, puxado principalmente pelo preço da carne bovina, analistas não preveem disparada da inflação no ano que vem. Projeções do Banco Central junto a economistas apontam que a inflação deve cair de 3,84% em 2019 para 3,60% em 2020, dentro do cenário de sucessivos recordes históricos de queda. Mas a situação real é outra. Nas operações com pessoas físicas, a taxa média de juros está em 49,7% ao ano. No crédito às empresas, atingiu 17,6%. Politicamente, o governo se preocupa com isso. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no domingo mostra que o brasileiro teme alta da inflação e revela também que a aprovação à gestão de Jair Bolsonaro despenca de 44% para 22% entre os entrevistados que ganham menos de dois salários mínimos. Veja análise sobre a relação do governo Bolsonaro com os mais pobres no Brasilia Report.

Valor Econômico: Banco Central reduz a taxa básica de juros de 5% para 4,5%
Valor Econômico: Economistas divergem sobre novos cortes de juros
Folha de S.Paulo: Economia segura queda de aprovação ao governo Bolsonaro

2. Com soja, Brasil vai assumir a liderança da produção de grãos

Estimulada pelo grande desempenho da soja, a produção brasileira de grãos deverá alcançar o recorde de 246,6 milhões de toneladas nesta safra 2019/20. A estimativa é da Companhia Nacional de Abastecimento, estatal do setor. O país aumentou a sua área cultivada em 64,2 milhões, um incremento de 1,5% sobre a safra anterior. A produção de soja deverá alcançar 121,1 milhões de toneladas, novo recorde histórico medido pelo governo. Na comparação com o mesmo período anterior, o volume da safra crescerá 5,3%, dando ao Brasil a condição de líder mundial de produção. A agricultura brasileira já detém a liderança de exportações, à frente dos EUA, mas será a primeira vez a liderar também em produção. Segundo estimativas, a venda de soja para o exterior atingirá a marca de 72 milhões de toneladas, 2 milhões a mais do que na safra 2018/19.

Valor Econômico: Com soja, safra recorde de grãos dá liderança para o Brasil
O Globo: Safra de grãos deve ser a maior da história

3. Novas regras para saneamento básico avançam no Congresso

Os deputados federais aprovaram nesta semana, por 276 votos a 124, o projeto de lei do novo marco legal de saneamento brasileiro. Em uma manobra política, os parlamentares ignoraram outro projeto que já havia sido aprovado pelo Senado e dava autonomia para estados e municípios manterem contratos com estatais. A Câmara descartou essa proposta e incluiu o poder fiscalizador e regulatório da Agência Nacional de Águas, o que atraiu governistas e possibilitou a formação de maioria para aprovar o novo texto e ainda por cima dar aos deputados o direito de fazerem a validação final da proposta que será enviada para sanção do presidente Jair Bolsonaro. Se os deputados votassem o texto do Senado, a palavra final seria a dos senadores. O novo marco legal incentiva privatizações e ampla concorrência no setor ao determinar contratos diretos com empresas públicas e licitações. A proposta também estipula para 2033 a meta para a universalização dos serviços, com atendimento de 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto.

Valor Econômico: Deputados fazem manobra para mudar regra em saneamento

4. Partidos estudam reduzir fundo eleitoral para R$ 2,5 bilhões

O Congresso articula a redução da verba do fundo eleitoral de R$ 3,8 bilhões para R$ 2,5 bilhões diante do risco de ficar sem dinheiro público para custear campanhas eleitorais no ano que vem. A articulação foi iniciada logo depois da sinalização do governo de que o presidente Jair Bolsonaro estaria disposto de vetar o aumento da verba para políticos. A avaliação da Câmara, onde tramita a proposta a ser incluída no Orçamento de 2020, é a de que será melhor negociar o valor com o Palácio do Planalto do que ficar sem nada. A proposta original do governo era destinar R$ 2 bilhões para as campanhas, mas em acordo de lideranças os deputados decidiram elevar repasse para quase o dobro. Também a repercussão negativa da notícia junto à opinião pública elevou a pressão sobre a proposta. O aumento do valor sugerido para financiamento de candidaturas nas eleições do ano que vem só foi possível com a proposição de cortes em ministérios, como Saúde (R$ 500 milhões), Infraestrutura (R$ 380 milhões), que inclui habitação e saneamento, e Educação (R$ 280 milhões). O valor final pode ser definido na sessão da próxima terça-feira. O fundo distribuiu R$ 1,7 bilhão aos candidatos em 2018. O financiamento privado a campanhas eleitorais é proibido por lei no país.

Folha de S.Paulo: Congresso já estuda reduzir verba do fundo eleitoral

5. Ativista pelo clima é chamada de pirralha por Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro se envolveu em mais uma polêmica com repercussão na mídia internacional. No domingo, a ativista sueca Greta Thunberg criticou o assassinato de índios da etnia Guajajara, no Maranhão. Greta, de 16 anos, afirmou que povos indígenas estão sendo mortos no Brasil por protegerem a floresta e que “é vergonhoso o mundo permanecer calado” diante dos crimes. Questionado sobre a afirmação, Bolsonaro respondeu: “Qual o nome daquela menina lá, lá de fora? Tabata, como é? Greta. Já falou que índios estão morrendo porque defendem a Amazônia. Impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, uma pirralha”, disse. Horas depois, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que, “do ponto de vista gramatical”, a declaração de Bolsonaro “não foi inadequada”. “Ela é uma pirralha: é uma pessoa de pequena estatura e é uma criança”, afirmou. Em resposta ao presidente, dada a repercussão na imprensa, Greta trocou a descrição em sua conta oficial no Twitter para “pirralha”. Na quarta-feira, a ativista foi anunciada como personalidade do ano pela revista Time.

O Estado de S. Paulo: Bolsonaro chama ativista sueca de pirralha
Folha de S.Paulo: Chamada de pirralha por Bolsonaro, ativista é destaque na Time

Brasilia Report

Acesse aqui o Brasilia Report, análise preparada pelo Consultor Sênior da JeffreyGroup em Brasília, Gustavo Krieger.